A discussão sobre drogas e as situações decorrentes do uso delas é um assunto tratado pelo Corra Pro Abraço a partir de outra perspectiva, a da redução de danos. Política pública fomentada no afã dos grandes eventos realizados no Brasil na virada dos anos 2010, o programa estadual propõe um olhar voltado para a humanização das pessoas em situação de rua, majoritariamente negra, jovem e afastada do acesso aos direitos básicos.
Atuante em territórios da capital baiana, a iniciativa enfrenta posições díspares dentro do próprio poder público, ao ponto que tem como um dos pontos focais ser um contraponto ao encarceramento e à falta de dados oficiais sobre pessoas em situação de rua.
A população de rua, aliás, é o público-alvo do Corra Pro Abraço ao longo dos últimos 9 anos de existência. Isso é o que explica o coordenador do programa, Frank Ribeiro, que também revela o perfil dos colaboradores que trabalham no cotidiano.
“O grande diferencial é que a gente tem essa possibilidade de escolher a equipe e refletir sobre ela sempre. Hoje a gente tem uma composição em que mais de 30% são mulheres negras. E isso faz todo o sentido, porque quando a gente vai para o público assistido, a gente está falando da população negra. Essa linha tênue aí entre ser o cuidado e ser o cuidador é muito fino. Então, a equipe tem um perfil de entendimento racial muito grande e há um processo de capacitação contínua”, explica.
Dentro de sua metodologia, o Corra Pro Abraço realiza atividades de arte-educação com recortes para cada público. São oficinas de leitura e escrita, teatro e música, atividades esportivas, cursos profissionalizantes e encaminhamentos para o mercado de trabalho. A equipe também acompanha os assistidos. O programa também realiza intervenções culturais em cenas de uso de drogas e concentração de pessoas em situação de rua.